Tradicionalmente a dor em torno dos tendões decorrentes de atividades excessivas tem sido denominada “tendinite”. Não surpreendentemente modalidades de tratamento têm sido principalmente destinadas a controlar esta inflamação. As ferramentas mais utilizadas incluem repouso, medicação antiinflamatória não esteróide (AINEs) e infiltrações locais de corticosteróide (Brett et al., 2008).

Há dois problemas com essa abordagem. Em primeiro lugar, vários estudos demonstram pouco ou nenhum infiltrado inflamatório em tendões expostos a sobrecargas repetitivas. Em segundo lugar o tratamento tradicional com modalidades que visem modular a inflamação tem tido sucesso limitado (Brett et al., 2008).

No entanto, é verdade que as lesões agudas que apresentam infiltrado inflamatório reativo se comportam de maneira distinta das lesões crônicas degenerativas, tanto na origem da doença quanto na propedêutica. Logo, critérios clínicos mais precisos são necessários para que não ocorram procedimentos terapêuticos falhos (Silva, 2008a).

Infelizmente o diagnóstico clínico incorreto baseado na utilização de uma terminologia envelhecida pode interferir negativamente no tratamento dessas patologias e na qualidade de vida dos indivíduos acometidos.

Os avanços na compreensão da patologia do tendão indicam que condições que têm sido tradicionalmente rotuladas como tendinite de Aquiles, a tendinite patelar, epicondilite e tendinite do manguito rotador são de fato tendinoses. Um número abundante de evidências apóia a idéia de que estas condições de uso excessivo do tendão não envolvem inflamação. Assim embora o termo tendinite ainda seja utilizado em ambientes clínicos, este parece ser claramente inadequado.